Outras curiosidades



2000

Os 30 anos do Planetário
novembro

Astronáutica
outubro

Atividade solar
setembro

Folclore
agosto

Julius
julho

Greenwich
junho

O alinhamento dos planetas
maio

500 anos
abril

Titã
março

O ano bissexto
fevereiro

Um novo milênio?
janeiro


1999

1998

 

Os 30 anos do Planetário

Nov - 2000

Não há dúvidas de que o ano de 1968 foi turbulento ao redor do mundo. A escalada da guerra do Vietnã, o assassinato de Martin Luther King, a revolta dos estudantes parisienses e o Ato Institucional n.o 5 são apenas alguns exemplos que nos vêm à mente.

A Alemanha Oriental enfrentava um problema econômico: não havia dinheiro para pagar seus credores internacionais. Em particular, com o Brasil, o governo alemão firmou um acordo: saldaria parte de suas dívidas com bens materiais. E é através desta negociação que nosso país recebeu, entre outros equipamentos de alta precisão, seis planetários Zeiss.

As seis máquinas foram distribuídas pelo Brasil, sendo que uma delas foi doada ao governo do antigo estado da Guanabara. Para abrigar o projetor, foi reservado um terreno na Gávea, que até então era ocupado por moradias irregulares. Dois anos depois, em novembro de 1970, a população carioca ganhava seu Planetário da Gávea, como até hoje é chamado pela maioria.

De lá para cá foram 30 anos de muitas atividades. Sendo o único planetário do Brasil que conta com uma equipe própria de astrônomos, o Planetário do Rio sempre ofereceu uma grande variedade de cursos de Astronomia, programas didáticos, observações ao telescópio e muito mais. Em 1992, por exemplo, o Planetário do Rio organizou o "Vôo do Eclipse", onde o eclipse total do Sol daquele ano (que não foi visível do Brasil) foi observado em pleno vôo, sobre o oceano Atlântico. Nestes 30 anos, podemos estimar que mais de três milhões de pessoas já assistiram a sessões no Planetário.

A Fundação Planetário da Cidade do Rio de Janeiro surgiu em 1993, uma medida que agilizou e dinamizou as tomadas de decisão, concedendo também uma maior autonomia aos seus diretores. Isto acelerou a realização de um sonho antigo: o Espaço Museu do Universo.

Inaugurado em 1998, o Museu do Universo será, quando totalmente implantado, um museu de última geração, dedicado à Astronomia. Hoje, quando o projetor Zeiss Spacemaster completa 30 anos de atividade, o Museu do Universo abriga diferentes exposições temporárias, um moderno projetor Zeiss Universarium e uma série de equipamentos de observação com diversas finalidades.

Podemos dizer que a Fundação Planetário sente-se pronta para encarar o desafio dos próximos 30 anos, e muito mais!



Visite o site do Planetário.
 



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Astronáutica

Out - 2000

Quando Júlio Verne escreveu seu livro "Da Terra à Lua", ele não previu, como muitos afirmam, o programa Apollo americano. Ele simplesmente usou de seu vasto conhecimento para chegar às mesmas conclusões que, mais de meio século depois, os cientistas da Nasa atingiram. 

Tanto no livro quanto na vida real, o foguete é lançado da Flórida. Em se tratando dos Estados Unidos, isso não poderia ser diferente. É próximo à linha do Equador onde se economiza mais combustível para colocar um foguete em órbita (afinal, é no Equador que a Terra gira com maior velocidade, aumentando o "empurrão" inicial que o foguete recebe naturalmente). 

O Brasil, um país com extensões continentais, tem em Alcântara, no Maranhão, o melhor sítio ativo para o lançamento de foguetes. Se ainda não conseguimos realizar o sonho da Missão Espacial Completa Brasileira, podemos nos consolar com a longa fila de parceiros que querem lançar seus foguetes de nossa base. 

E, enquanto aguardamos o Brasil ocupar seu devido lugar no cenário global, o Rio de Janeiro, neste mês de outubro, torna-se a capital mundial da astronáutica. Do dia 2 ao dia 6, estará acontecendo em terras cariocas o 51o Congresso Internacional de Astronáutica. Este evento, organizado pela International Astronautical Federation, reúne os maiores especialistas nas diversas áreas ligadas à conquista espacial. 

Durante uma semana, haverá debates sobre medicina espacial (afinal, quais são os efeitos que a ausência de gravidade causa no organismo humano?, por exemplo), legislação (até onde podemos considerar o espaço aéreo de um país?), cibernética, astronomia, ciência de materiais, geologia planetária, meio ambiente, astrobiologia e muito mais! 

É nesse tipo de encontro que as informações circulam, as parcerias são formadas e as novas metas são delineadas. O Brasil, como anfitrião, ocupa posição privilegiada. Quem sabe não está chegando a nossa vez de comandar uma missão espacial?



Quer saber mais sobre a Astronáutica?

Visite o site da Nasa (em inglês).
Visite também o site do Ronaldo Mourão.
 




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Atividade solar

Set - 2000

Muitos povos antigos tinham no céu uma fonte de medo. Os gauleses, imortalizados nas histórias de Asterix, temiam que o céu lhes caísse sobre suas cabeças. Nos dias de hoje, quando a abóbada celeste já perdeu muito de seus mistérios, esses temores podem nos parecer primitivos. 

A mesma tecnologia que desvenda o Universo recheou o espaço com sondas, satélites e laboratórios diversos. Diuturnamente sobre nós, não nos damos conta de sua presença. Mas estão lá, nos trazendo conforto e informações valiosas. 

Já o Sol, independente da espécie humana, ilumina o planeta Terra há uns cinco bilhões de anos. Pilar central do Sistema Solar, sempre o vimos como algo perene, constante e imutável. Isso não está 100% correto...

Exceto pela distância até nós, o Sol é uma estrela como outra qualquer, e como tal evolui. Em seu interior, milhões de toneladas de hidrogênio são convertidos em hélio, um processo de fusão nuclear que libera luz e calor. Sua superfície é varrida por abalos sísmicos, ondas de choques e furacões, contendo também regiões mais frias que nos aparecem escuras (as manchas solares).

Do Sol emana constantemente um fluxo de partículas conhecido como vento solar. Estas partículas, quando chegam à Terra, são capturadas pelo campo magnético e se acumulam nos pólos, dando origem às auroras boreais e austrais. É um espetáculo de rara beleza.

Estas mesmas partículas, porém, podem interferir em alguns aparelhos de alta tecnologia. Recentemente, o Sol entrou em seu período de máxima atividade, respeitando seu ciclo de 11 anos. Muito se falou dos efeitos que este processo traria para a nossa civilização tecnológica.

Nada de mau aconteceu. As manchas solares aumentaram de número, o vento solar "soprou" mais intensamente, muitos estudos foram feitos. Os satélites pouco foram afetados. E o céu, para o alívio de todos, não caiu sobre nossas cabeças.

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Folclore

Ago - 2000

Agosto é o mês do folclore. Mais precisamente, seu dia é 22 de agosto. Isto porque foi em 22 de agosto de 1846 que o antiquário inglês William Thoms teve uma carta sua publicada no London Athenaeum, convidando todos a um esforço coletivo para a preservação das tradições e lendas das ilhas britânicas. Ao conjunto do saber popular, ele chamou folklore (the lore of the folk, a sabedoria do povo).

Que o dia do folclore tenha sido fixado na data de nascimento de uma palavra é algo notável. Não menos notável que o termo em si, que foi incorporado a diversos idiomas. A alternativa, em português, a esse anglicismo é o complicado (e amedrontador) "antropopsicologia", que nenhum dos grandes dicionários modernos sequer registra.

E qual das ciências exatas mais deu as mãos ao folclore? A Astronomia.

O nascimento da Astronomia se deve ao folclore, ou pelo menos à tradição oral de se passar o conhecimento às novas gerações. Por muito tempo, o conhecimento que o homem primitivo tinha dos céus era, em seu significado mais básico, folclórico.

Pouco a pouco, novos instrumentos e fórmulas matemáticas foram afastando a recém-nascida ciência de suas raízes folclóricas. Mas um povo muito supersticioso, os sumérios, que liam o futuro nas vísceras dos animais, decidiu desvendá-lo nas entranhas do próprio Universo. Assim surgiu a Astrologia, irmã caçula da Astronomia.

Os sumérios, bem como os egípcios, gregos e romanos, rechearam o céu com lendas, histórias de deuses, heróis e monstros. Em especial, as constelações do zodíaco, todas elas, faziam parte de alguma história, um modo de ajudar os povos a contar o tempo. Uma cabra no céu, representada na constelação de Capricórnio, lembrava a todos que o inverno estava chegando e que, por causa do frio, as cabras desceriam das montanhas.

Graças a muitos desses relatos, como o do herói Gilgamesh contra o Touro, ou de Perseu resgatando Andrômeda, ou de Órion e o Escorpião, a Astronomia permaneceu viva, próxima ao povo, por mais complexa que os avanços científicos teimem em torná-la.

Neste mês de agosto, convém celebrarmos as lendas e a ciência que alimentam.



Quer saber mais sobre o folclore?

Tudo sobre mitos e lendas do mundo inteiro (em inglês).
Saiba mais sobre as 88 constelações.

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Julius

Jul - 2000

Quando o general Júlio César cruzou o Rubicão, isto foi considerado uma declaração direta de guerra ao poder de Roma. Incapazes de rivalizar com seu poder bélico, os senadores que se opunham a ele fugiram. Algumas batalhas se seguiram até que em VIII antediem idos Junius do ano 706, César se sagrou vitorioso.

Os livros de História costumam relacionar este fato como ocorrido em 6 de junho de 48 a.C. De fato, ambas as datas são equivalentes, sendo a primeira escrita segundo o calendário de Numa Pompílio e a segunda, de acordo com o nosso próprio sistema de medição, o calendário gregoriano.

Sem querer estragar o final de uma eletrizante história, César morreu quatro anos depois, assassinado por seus correligionários. Neste pequeno espaço de tempo, porém, construiu as bases do mais grandioso império de todos os tempos: o Império Romano.

Além da habilidade militar, que lhe trazia vitórias nos muitos embates que precederam sua vitória final, César era um homem de visão. Para impor suas vontades a todo um império, ele decidiu controlar o tempo, reformando o calendário.

Contatos anteriores com a cultura egípcia já lhe haviam mostrado a prática da intercalação: a criação de um ou mais dias extras para que o calendário civil coincidisse com os eventos astronômicos. Sem isso, um calendário (como o de Numa Pompílio, em vigência neste período) torna-se vago. As estações passeiam por todas as datas, nunca tendo uma época certa para começar.

Com a ajuda do astrônomo grego Sosígenes, César reformou o calendário de Numa, introduzindo um dia extra a cada quatro anos. Deslocou, também, o início do ano de março para janeiro. E para que essas resoluções pudessem ter efeito no ano de 44 a.C., e para que as estações voltassem a ocorrer quando eram esperadas, o ano anterior teve uma duração anormal: 445 dias, distribuídos em 15 meses. Este ano é hoje conhecido como “o ano da confusão”.

No primeiro ano de seu novo calendário, Júlio César foi assassinado. Mas sua contribuição para a Cronologia não seria ignorada. Em homenagem a César, o mês de Quintilis teve seu nome alterado para Julius.

Hoje, quando nossas folhinhas indicam a chegada do mês de julho, estamos ainda demonstrando nosso respeito ao grande general romano. Ave César.



Quer saber mais sobre Roma e seu calendário?

Visite a "enciclopédia dos calendários" (em inglês).
Divirta-se com um conversor de calendários e numerais romanos (em inglês).

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Greenwich

Jun - 2000

O ano era 1884. Em Washington, capital dos Estados Unidos, 41 delegados representando 25 países estavam reunidos fazia quase duas semanas para pôr um fim a uma antiga confusão: a origem do sistema de coordenadas geográficas.

Luis Cruls, astrônomo belga radicado no Brasil, declara o voto brasileiro: abstenção. A França também se abstém, e o pequeno San Domingos vota em Paris. Todos os demais países representados escolhem Greenwich. Estava criado o meridiano zero de nosso planeta (e, como conseqüência disso, nascia também o sistema de fusos horários que usamos até hoje).

Mas por que Greenwich?

A maior potência do final do século XIX era, sem sombra de dúvidas, a Inglaterra. "O Sol nunca se põe no Império Britânico", dizia-se na época. E como uma forma de manter coeso este vasto território, a Inglaterra investiu em tecnologia e conhecimento.

De cada quatro mapas da época, três eram de origem inglesa. Desenhados a partir dos dados obtidos pela Marinha britânica, estes mapas, já havia muito tempo, usavam a longitude do Observatório Real de Greenwich como marco zero. O tratado de Washington apenas ratificou um hábito já existente.

Mas a hegemonia e a importância de Greenwich são muito mais antigas do que qualquer pendenga geográfica. O Observatório Real de Greenwich foi criado em 1675, justamente para ser o centro de estudos astronômicos, cartográficos e geográficos que colocaria a Inglaterra na vanguarda da expansão do Velho Mundo.

Completando 325 anos em 22 de junho, o velho observatório ainda mantém o seu charme, abrigando um museu e incontáveis histórias.



Visite a página do Observatório de Greenwich.

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O alinhamento dos planetas

Maio - 2000

Prepare-se para o fim do mundo. Ou, pelo menos, para ouvir falar muito sobre este assunto.

Vez por outra, um fenômeno astronômico atiça a imaginação coletiva, transformando-se em um sinal de que o mundo está prestes a acabar. Em agosto do ano passado, fomos testemunhas da febre apocalíptica causada pelo eclipse total do Sol.

Apesar de todo o alarde dos meios de comunicação, o mundo não acabou.

Depois foi a chegada do ano 2000, antevendo um bug de computador, que também não acabou com a Terra. Desta vez são os planetas.

Às 5h8min da manhã do dia 5 de maio, oito corpos do nosso sistema solar estarão alinhados. Na verdade, a Terra, a Lua, o Sol, Mercúrio, Júpiter e Saturno estarão formando uma fila indiana quase perfeita. Se tomarmos um ângulo de cerca de 25 graus, com o vértice na Terra, podemos incluir também Vênus e Marte neste alinhamento (entre Mercúrio e Júpiter).

Os mais alarmistas dizem que este alinhamento é um sinal dos céus. Alguns poucos afirmam que esta coincidência angular provocará um puxão gravitacional em nosso planeta, podendo até alterar a inclinação do seu eixo de rotação. Isso é fantasia.

Dadas as distâncias envolvidas, a gravidade extra causada por este alinhamento é menor do que a força gravitacional entre uma bola de futebol na marca do pênalti e as traves do gol.

O mundo até vai acabar, um dia. O Sol esgotará o seu combustível nuclear, detonando um processo que causará a destruição do nosso planeta. Mas isso só daqui a cinco bilhões de anos.

Por ora, e mais precisamente neste dia 5, não temos nada a temer quanto ao fim do mundo. Pelo menos, não provocado pelos astros...



Leia uma matéria do jornal O Globo.
Leia uma explicação mais detalhada (em inglês).

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500 anos

Abr - 2000

Neste dia 22, estaremos comemorando os 500 anos da chegada da expedição de Pedro Álvares Cabral em terras brasileiras. (Queremos evitar o termo “descobrimento”, em respeito aos habitantes nativos que por aqui já estavam, há muito tempo.) Este foi apenas um dos muitos feitos que compõem as "grandes navegações".

Por ocasião desta expansão ultramarina, foram criadas novas constelações para esquadrinhar a porção austral da esfera celeste, que receberam nomes de instrumentos de navegação (como o compasso, por exemplo) ou de animais recém-descobertos (o camaleão, entre outros).

É desta época, também, a descoberta pelos europeus de duas manchas no céu, na verdade galáxias contendo bilhões de estrelas. Estes objetos são até hoje conhecidos como as Nuvens de Magalhães, em homenagem ao explorador português Fernão de Magalhães.

Neste contexto, Cabral desembarcou no que é hoje a Bahia, no dia 22 de abril de 1500. O que pouca gente se dá conta é que este 1500 é um ano do calendário juliano, criado em 45 a.C. por Júlio César.

Este calendário foi corrigido pelo papa Gregório XIII, em 1582, dando origem ao calendário gregoriano, que usamos até hoje. Um dos artifícios utilizados nesta correção foi um salto de 10 dias: após o dia 4 de outubro daquele ano, por decreto papal, veio o dia 15!

A certidão de nascimento do nosso país vai, para sempre, registrar esta data: 22 de abril de 1500. E, obviamente, é em 22 de abril de 2000 que o Brasil completa seus 500 anos. Mas se quisermos ser rigorosos, nosso planeta só terá dado 500 voltas completas ao redor do Sol, a partir da chegada de Cabral, no dia 2 de maio de 2000.



Visite um conversor de calendários..
Leia sobre a história do calendário.

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Titã

Março - 2000

Christiaan Huygens nasceu em uma família holandesa rica, em 1629. Educado por professores particulares até seus 16 anos, aproveitou a proximidade que seu pai tinha com René Descartes para tornar-se um habilidoso matemático. Passando pelas universidades de Leiden e Breda, não demorou para ser um cientista renomado entre seus pares. Sua fama lhe trouxe tempo e recursos para se dedicar a uma outra paixão: a construção de lentes e telescópios.

Usando um instrumento de sua fabricação, Huygens descobriu um pequeno ponto brilhante nas proximidades do planeta Saturno. Era uma lua. Em 25 de março de 1655, há 345 anos, Titã entrava no rol do nosso Sistema Solar.

Mitologicamente, Saturno era o líder do panteão de deuses que precedeu Júpiter (ou Zeus, para os gregos) e os demais deuses do Olimpo. Este panteão é conhecido coletivamente como Titãs. Esta é a origem do nome. O que mais sabemos sobre o satélite?

Titã é a segunda maior lua do Sistema Solar (Ganimedes, lua de Júpiter, é a primeira), ultrapassando, inclusive, o tamanho dos planetas Mercúrio e Plutão. Titã possui uma atmosfera espessa que se assemelha muito, em composição, ao ar existente na Terra em seus primórdios. Por causa disso, esta lua sempre freqüentou o sonho de cientistas e escritores como um possível sítio de colonização humana.

Em meados de 1999, astrônomos do Laboratório Livermore, da Califórnia, através de observações feitas com o telescópio Keck, no Havaí, descobriram o que pode ser um oceano em Titã. Este oceano não é de água, é bom ressaltar, e sim de hidrocarbonetos (da família do etano e do metano). Estas moléculas são os blocos básicos da vida na Terra.

De possível colônia humana, o satélite foi transformado em hipotética (e futura) biosfera. A busca por novos habitats continua...



Saiba mais sobre Titã.
Visite a página do Laboratório Livermore.
Saiba mais sobre Christiaan Huygens.

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O ano bissexto

Fev - 2000

É comum dizermos que a cada quatro anos o dia 29 de fevereiro brinda nossas folhinhas. Isto não é exatamente verdade. É comum dizermos que a Terra leva 365 dias e 6 horas para dar uma volta completa ao redor do Sol. Esta afirmativa também não é cem por cento correta.

A Terra leva, na verdade, 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 47,5 segundos para completar uma órbita. Parece preciosismo, mas ao longo de muito tempo esta pequena alteração pode acarretar grandes problemas.

De fato, o calendário juliano não levava em conta esta diferença de menos de 12 minutos, e seus anos bissextos realmente aconteciam a cada quatro anos. Encomendado por Júlio César ao astrônomo grego Sosígenes, o calendário juliano entrou em vigor no ano 45 a.C.

Em 1582, a diferença de cerca de 12 minutos já tinha se acumulado, totalizando dez dias! Os eventos celestes estavam defasados em relação ao calendário civil. Em uma atitude ousada, o papa Gregório XIII decidiu corrigir esta discrepância.

Primeiramente, decretou que o dia seguinte ao dia 4 de outubro daquele ano seria o dia 15, de modo a recuperar os dez dias perdidos em relação ao movimento da Terra. Em seguida, alterou a regra do ano bissexto.

No calendário gregoriano, que usamos hoje no Brasil, são bissextos os anos múltiplos de 4, exceto os que também sejam múltiplos de 100 (a não ser que também o sejam por 400). Confuso? Basicamente, serão bissextos o ano 2000, o ano 2004, o ano 2008 e assim sucessivamente, até chegarmos à primeira exceção: o ano 2100.

Se na regra juliana um ciclo de quatro anos nos dava um ano com, em média, 365 dias e 6 horas, o calendário gregoriano nos fornece, em um ciclo de 400 anos, um ano médio com 365 dias, 5 horas, 49 minutos e 12 segundos. Este valor está bem mais próximo da realidade, mas ainda não é exato. A cada ano, há uma defasagem de 24,5 segundos entre o nosso calendário e os eventos celestes. Em cerca de 3.526 anos, o acúmulo deste tempo resultará em um dia perdido.

Quem sabe, então, não teremos que reajustar nosso calendário novamente...


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Um novo milênio?

Jan - 2000

Ajudando na divulgação de recente evento em nossa cidade - a Feira da Providência, em novembro último - Ziraldo quis chamar atenção para a proximidade do ano 2000. O cartunista evitou expressões como "a última do século" ou "virada de milênio". Optou pelo singelo slogan "vamos nos despedir do 1". Foi muito feliz nesta escolha.

Durante mil anos, o algarismo 1 agraciou o início de cada novo ano. Os cruzados capturam Jerusalém? 1099. Marco Polo chega à China? 1275. A queda de Constantinopla? 1453. A Revolução Francesa? 1789. A independência do Brasil? 1822. O crack da Bolsa de Nova Iorque? 1929. A conquista do tetra? 1994. Todos estes anos começaram com "1".

Como Ziraldo sugere, devemos agora nos despedir deste "1" que por tanto tempo tem nos acompanhado. Mas estaríamos sendo precipitados se afirmássemos que isto significa um novo milênio. O ano 2000, ainda que seja o primeiro a se iniciar com um "2", é o último ano do século XX e do segundo milênio. Um novo século e um novo milênio, só em 2001. Por que isto?

Nosso calendário, o gregoriano, tem como marco zero, como origem, o nascimento de Jesus Cristo. Por definição, Jesus nasceu no ano 1 (hoje sabemos que Jesus nasceu de 4 a 7 anos antes do que se pensava, mas para efeitos de calendário, o ano 1 não foi alterado).

Sabemos que um ano é o tempo que a Terra leva para completar sua órbita ao redor do Sol. Ou ainda, é o tempo que o Sol leva para percorrer as constelações do Zodíaco. Mil órbitas completas formam um milênio. Se o primeiro milênio começou no ano 1, mil anos depois teremos o início do segundo milênio, em 1001. E, claro está, o terceiro milênio começará somente em 2001.

Mas tão acostumados estamos em recitar o "mil" ao início de cada ano, que a chegada do ano 2000 nos causa uma maior estranheza. Se tivermos bem claro que, histórica e astronomicamente, o terceiro milênio só começa em 2001, podemos deixar de lado estes preciosismos e celebrar com ênfase o ano 2000.

Complementando o slogan de Ziraldo, vamos, então, dar boas-vindas ao 2!


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