Ciência com Humor
Israel Oliveira
Se você é daquelas pessoas que têm crises de cefaléia quando precisa estudar ciências, agora não há mais desculpas para desconhecer os princípios científicos. A oficina de ensino de ciências em quadrinhos (Eduhq), coordenada pelo professor Francisco Caruso, do Instituto de Física da Uerj, está tornando o tema mais divertido e sem dar dor de cabeça.
A série inicial, lançada em 2000, abordava apenas os conteúdos da física, mas a repercussão das primeiras tirinhas foi ampliada e tornou-se interdisciplinar. Com isso, a Eduhq ganhou a adesão de professores de outros cursos como: artes, biologia, educação, história, informática, língua portuguesa, matemática, química, sociologia e métodos extracurriculares sobre meio ambiente e saúde pública.
Mas o diferencial não se resume aos quadrinhos. Além dos pesquisadores da faculdade, o projeto conta ainda com professores e alunos de escolas públicas e particulares do ensino médio do Rio de Janeiro, na elaboração de novos desenhos.
– Ter alunos de várias realidades sociais fazendo parte da oficina foi a forma encontrada para fugir da tentação de fazer algo muito bonito, porém longe do dia-a-dia de quem vai usar – argumenta Caruso.
Financiado pela Sub-Reitoria de Graduação (SR1), a oficina de ciência em quadrinhos aposta na pedagogia do humor criativo. Isso porque, segundo Caruso, este tipo de abordagem torna o entendimento do conteúdo mais agradável por trabalhar com a criatividade e o lúdico.
A professora Maria Cristina Silveira atua na seleção de alunos que têm aptidão para o desenho e querem fazer parte da Eduhq. Como diretora do colégio Estadual Olga Benário Prestes, ela já utiliza as tirinhas de física com seus alunos.
– Os desenhos chamam atenção, despertam a curiosidade, ajudam a fixar melhor os conteúdos e, principalmente, abrem novas possibilidades de debates dos assuntos – destaca.
Os alunos participantes da Eduhq recebem treinamento constante, participam de palestras com professores da Uerj e estudam muito. Para alguns deles, é a chance de ter contato com a Universidade e poderem escolher uma carreira. Gleidson Araújo, por exemplo, já se decidiu pela profissão de físico. Ele encontra nos desenhos que produz a possibilidade de sonhar: – É gostoso escrever e imaginar: Os desenhos nos fazem sonhar. As palavras nos fazem pensar e as histórias nos fazem viajar por um mundo desconhecido – declara.
A oficina já produziu 75 tirinhas que tratam de diversas áreas do conhecimento. Até o final de Maio, elas estarão disponíveis no site: http://www.cbpf.br/eduhq. Além disso, o projeto prevê o lançamento de um livro e posteriormente, de um desenho animado.
Matéria publicada no jornal Uerj em Questão, edição número 26, março e abril de 2002.
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