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Educação é o que sobrevive
quando o que foi aprendido foi esquecido.
B.F. Skinner
Na Educação, mais do que em qualquer outra atividade humana, o tempo é uma medida cruel do que não foi feito. Conscientes disso e da infinita dificuldade de se reformar a Escola, um grupo de pesquisadores e professores propõe dar uma pequena contribuição à questão da educação básica, a partir não de um projeto voltado para as instituições, mas voltado para a valorização do aluno e de suas habilidades. Esta mudança de enfoque não é meramente retórica; ela espelha uma convicção de que é cada vez mais urgente pensar no aluno não como um mero receptor ignorante dos conhecimentos transmitidos pelos professores e pelos livros (Cf. Cuidado, Escola!). Através dessa nova ótica, o aluno passa a ser considerado o principal centro da produção do conhecimento na Escola e, portanto, deve ser estimulado a ir além da memorização e da repetição de tarefas, a buscar o prazer nas descobertas, nas formulações de hipóteses e nas práticas experimentais. Em princípio, a escolha de um grupo pequeno, mas coeso, com alunos e escolas representativos das mais diferentes realidades sócio-econômicas e culturais do Rio de Janeiro, é o que estabelecemos por meta e o que efetivamente dará frutos. Talvez esta seja a justificativa essencial que uniu tantas pessoas em tão pouco tempo em torno de um único Ideal.
Por outro lado, é fato comprovado que, em disciplinas tais como Física, Química, Biologia e Matemática, grande parte dos alunos do ensino médio tem "medo destas disciplinas", não alcançando um rendimento satisfatório, o que eleva as taxas de repetência e de evasão escolar, engrossando as fileiras dos excluídos social e culturalmente.
Por outro lado, ao se procurar um material didático que possa atender às especificidades e necessidades reais desses alunos, pouco se encontra, tornando ainda mais difícil qualquer mudança significativa nesse quadro.
Assim, torna-se urgente a criação e o desenvolvimento de material didático diversificado para aquelas e outras disciplinas, com a intenção de dinamizar as aulas, motivando os alunos a participarem ativamente na construção do próprio conhecimento. Esse material será mais um instrumento funcional nas mãos dos professores, sendo uma opção a mais na sua prática pedagógica cotidiana.
Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9.394/96), em seu artigo 3º, inciso I, um dos princípios do ensino é garantir a igualdade de condições para o acesso e permanência na escola. Portanto, garantir formas de aprendizado que motivem o aluno e que facilitem a aquisição de conhecimentos, de modo que o estudante obtenha um resultado satisfatório, é também uma maneira de garantir a permanência desse aluno na escola e, conseqüentemente, permitir-lhe dar continuidade a seus estudos, o que está contemplado na LDB, tanto no Art. 22º, como no Art. 35º, inciso I.
Adequar o material didático às especificações e às necessidades do aluno é uma forma de valorizar as experiências que ele trás de sua vida extra-escolar, viabilizando uma metodologia que estimule sua criatividade, o que é contemplado nos Art. 3º, inciso X e 36o, inciso II.
Outra necessidade premente que o projeto contemplará, em consonância ainda com a LDB - em seu artigo 35º, inciso II - , é oferecer aos jovens, ao final de sua educação básica, uma bagagem cultural e de compreensão das ciências capaz de permitir a sua adaptação às sempre crescentes mudanças e exigências do mercado de trabalho, bem como lhes garantir a opção de um posterior aperfeiçoamento. Isto é reafirmado no Art. 36º, inciso I, com destaque para a educação tecnológica básica, como forma de exercício da cidadania. É ainda relevante que, no parágrafo 1o deste mesmo artigo, a Lei indica que o aluno do ensino médio deverá dominar os princípios científicos e tecnológicos relacionados diretamente às ocupações pós-modernas. Para tanto, faz-se necessária a compreensão dos conteúdos das disciplinas e a articulação desses com as experiências cotidianas, como pretende o projeto.
O projeto prevê ainda um ciclo de palestras relacionadas às artes, como forma de contribuir para o aprimoramento cultural e humanista dos alunos de ensino médio, nele envolvidos, tal como prevê o Art. 35º, inciso III, da LDB, pois acreditamos que só através de uma valorização consciente de um humanismo atualizado é possível compreender-se o verdadeiro significado histórico e impacto social das ciências, vistas não como um mero facilitador de desenvolvimento tecnológico, mas, sobretudo, como saberes que contribuem para o aprimoramento intelectual e o bem-estar do próprio homem, preocupado com seus compromissos ético-sociais e dotado de espírito crítico.
Todo material didático de qualidade também pressupõe o emprego de diversas linguagens e a possibilidade de ser utilizado interdisciplinarmente, articulando-se, ou alternando-se, com os recursos tecnológicos disponíveis hoje e os que venham a surgir.
Assim, o presente projeto guarda ainda a expectativa de que o material didático, no decorrer dele produzido, venha a se constituir em rico instrumento a ser utilizado em um novo e amplo projeto de ensino à distância, uma vez que não foi concebido para ser um material estanque, fechado em si mesmo, de difícil interpretação, compreensão e manuseio, mas, ao contrário, foi idealizado para ser um material lúdico, motivador, passível de releituras e estimulador de novas criações, tanto para os alunos, como para os professores.
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