E Fez-se... o Caos

Por quase três séculos, a hegemonia da mecânica newtoniana manteve-se suprema, inabalável. Não havia problemas sem solução, apenas aqueles que ainda não haviam sido resolvidos. Porém, o final do século 19 traria surpresas.

Três corpos

Para comemorar os 60 anos do rei Oscar II (1829-1907), da Suécia e Dinamarca, foi oferecido um prêmio cujo tema era a estabilidade do sistema solar. O matemático francês Henri Poincaré (1854-1912) encarou o desafio. Porém, ao perceber a dificuldade do problema, reduziu-o a apenas três corpos interagindo pela gravidade. Com esse trabalho, Poincaré não só ganhou o prêmio, em 1889, mas descortinou o caos. E este, arrastando consigo a imprevisibilidade, maculou uma natureza até então ‘bem-comportada’.

O que é caos?

Para um sistema ter comportamento imprevisível – ou caótico –, ele deve obedecer a pelo menos três regras: a) ser dinâmico, ou seja, se alterar à medida que o tempo passa – um carro se movendo numa estrada; b) ser não linear, isto é, sua resposta não é proporcional à perturbação – uma simples declaração pode causar uma revolução de estado; c) ser muito sensível a perturbações mínimas de seu estado, ou seja, uma alteração desprezível no presente pode causar, a longo prazo, uma mudança imprevisível – uma leve variação na trajetória de uma sonda espacial pode levá-la para longe de seu destino.