Quantos chegam?
Pizza quilométrica

O chuveiro aéreo de partículas pode ter dezenas ou centenas de km2 de área e conter centenas de bilhões de partículas. Essa ‘pizza’ viaja praticamente à velocidade da luz (cerca de 300 mil km/s) em direção ao solo, trazendo consigo mésons pi, radiação gama, elétrons, pósitrons, múons e neutrinos – estes últimos podem atravessar a Terra sem praticamente interagir com um único fragmento de matéria. São eles e os múons – também muito penetrantes – que chegam em maior número ao chão.

Um pouco de física

Os físicos usam a unidade elétron-volt (eV) para medir a energia das partículas subatômicas. Comparado com as energias a que estamos acostumados no cotidiano, o eV é insignificante. Um próton ‘parado’ tem a energia de 109 eV (ou 1.000.000.000 eV). É mais ou menos nessa ordem de grandeza que começam as energias dos raios cósmicos. Os ultra-energéticos, porém, chegam a ter energias macroscópicas, do dia-a-dia. Nada mal para algo que é bilhões de vezes menor que um grão de areia. Para se ter uma idéia, um próton com energia 1020 eV atinge 99,999999999999999999999% da velocidade da luz.

Sobem dez, caem mil

Para cada fator dez de aumento na energia, há uma diminuição de mil no fluxo de raios cósmicos que atinge a Terra. Ou seja: quanto mais energéticos, mais raros. Os menos energéticos (até 109 eV) chegam numa proporção de 10 mil por m2 a cada segundo. Para os de energia por volta de 1016 eV, essa quantidade cai para algo em torno de dez. Quando se chega a 1019 eV, detecta-se, em média, um para cada km2 por ano. Os chamados zévatrons (1021 eV) são raríssimos: menos que um por km2 por século.