O Méson Pi
Chuveiros penetrantes
No Brasil, a pesquisa em raios cósmicos se iniciou no Instituto Nacional de Tecnologia, com a chegada em 1933 do físico alemão Bernhard Gross (1905-2002). Em 1939, em São Paulo, o físico ítalo-russo Gleb Wathagin (1899-1986) e os brasileiros Marcello Damy e Paulus Pompéia (1910-1993) detectaram os chamados chuveiros penetrantes – mais tarde, descobriu-se que essas partículas com alto poder de penetração na matéria eram múons. Os resultados foram publicados no exterior.
Lattes em Bristol
Porém, foi em 1947 que os raios cósmicos levaram a um dos resultados de maior repercussão internacional nessa área: a
detecção do méson pi. Essa partícula – responsável pela força que mantém o núcleo atômico coeso e proposta teoricamente pelo físico japonês Hideki Yukawa (1907-1981) em 1935 – foi detectada em emulsões fotográficas expostas nos Pirineus pela equipe liderada pelo inglês Cecil Powell (1903-1969), com ampla participação do brasileiro Cesar Lattes, que, em seguida, viajou para a Bolívia para confirmar a existência dessas partículas em experimentos feitos no monte Chacaltaya, a 5,2 km de altitude.
No acelerador
No ano seguinte,
Lattes e o norte-americano Eugene Gardner (1913-1950) detectaram mésons pi nos choques entre partículas que ocorriam no acelerador da Universidade da Califórnia, em Berkeley (Estados Unidos). Essas duas detecções – a natural e a artificial – deram prestígio internacional a Lattes e alavancaram a fundação do CBPF, no Rio de Janeiro, em 1949. Mais tarde, ele estabeleceu um grupo para estudos de raios cósmicos em Chacaltaya que está em atividade até hoje.