Gigante híbrido dos Pampas (continuação)
Mais rápido que a luz

Cada detector é formado por um tanque plástico com 1,5 m de altura, diâmetro de quase 3,5 metros, contendo 12 toneladas de água esterilizada, para evitar o crescimento de bactérias que poderiam turvá-la. Dentro de cada um deles, três fotomultiplicadoras captam e amplificam a tênue luz emitida por partículas do chuveiro que penetra o tanque viajando com velocidade superior à da luz na água. Esse é o chamado efeito Cerenkov.

Celular e GPS

Todos os tanques estarão ligados por sistema semelhante ao de telefonia celular. A energia virá de baterias especiais, alimentadas por painéis solares. A posição e o momento exatos da chegada do chuveiro aéreo serão dados pelo Sistema de Posicionamento Global – mais conhecido como GPS. Com essas tecnologias, será possível medir o ângulo de entrada do chuveiro em relação ao solo com precisão de um grau e seu tempo de duração em bilionésimos de segundo.

Noites claras sem nuvens

O Auger também empregará quatro telescópios ‘olhos de mosca’ – daí ser chamado observatório híbrido –, instalados na periferia da rede. Cada ‘olho’ é formado por um espelho esférico – com diâmetro de 3,7 m – que converge para 440 fotomultiplicadoras a fluorescência gerada pela passagem do chuveiro. Esse equipamento – capaz de detectar uma lâmpada de quatro watts a cerca de 15 km de distância – só funciona em noites claras e sem nuvens.

Quantos serão capturados?

Desde Volcano Ranch, o número de raios cósmicos acima de 1020 eV detectados não chega a uma dezena. Do ponto de vista da estatística, não é muito animador, pois, com essa quantia, não se pode determinar a direção de origem deles no céu. Com o Auger, prevê-se a captura de aproximadamente 50 zévatrons por ano. E isso ao longo dos próximos 20 anos, tempo para o qual o observatório foi planejado. Com apenas 300 detectores em funcionamento, já foram detectadas dezenas de raios cósmicos de 1019 eV.

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