Um desdobramento que certamente terá uma aplicação tão vasta quanto a dos computadores quânticos é a chamada criptografia quântica, um processo dito inviolável para a transmissão segura de dados confidenciais.
Ação fantasmagórica?Para entender por que a criptografia quântica é dita 100% segura, é preciso recorrer a um dos fenômenos mais bizarros da natureza: o emaranhamento de partículas. Nele, duas partículas – fótons, por exemplo – são criadas em condições especiais e passam, a partir daí, a se comportar como se estivessem sempre conectadas uma a outra, independentemente da distância entre elas, como em um tipo de telepatia. Qualquer alteração do estado quântico de uma implica a mudança instantânea do estado da segunda, mesmo que o par esteja separado por milhares ou milhões de km de distância. O físico de origem alemã Albert Einstein (1879-1955) achava tão esquisita essa propriedade que a batizou “fantasmagórica ação a distância”. Outro físico, o austríaco Erwin Schrödinger (1887-1961), a classificou como ‘a’ propriedade mais importante da física quântica.
Partículas gêmeasO processo da criptografia quântica se dá mais ou menos assim: criam-se pares de partículas gêmeas (ou emaranhadas) – isso pode ser feito com qualquer partícula, até mesmo com átomos. O integrante de cada par é enviado para um receptor, através de um meio (fibra óptica, no caso de fótons), carregando a mensagem, na forma de informação quântica, que se quer transmitir. Agora, vamos imaginar que uma pessoa malintencionada resolva interceptar uma ou mais dessas partículas para tentar arrancar delas a mensagem sigilosa. Ao fazer isso, irá alterar o estado quântico de cada uma delas. Ao final do processo, o emissor irá comparar o estado quântico de suas partículas com o daquelas em posse do destinatário. Caso haja alguma diferença entre os dois conjuntos, ambos ficam sabendo que houve umatentativa de interceptação da mensagem e, com isso, podem tomar as medidas necessárias.