A resolução do paradoxo da diminuição da desordem – portanto, da aparente diminuição da entropia do universo – veio de físicos teóricos: buracos negros também teriam entropia, e ela seria proporcional à área do horizonte de eventos. Assim, toda vez que matéria e energia (ou seja, informação) caíssem em um buraco negro, a massa do buraco negro aumentaria e seu horizonte de eventos também. E, consequentemente, sua entropia.
Como uma panela quenteMas dizer que buracos negros têm entropia levou a outra questão importante: se esses gigantes da gravidade têm entropia – retrucaram alguns físicos –, então, eles deveriam ter também outros atributos termodinâmicos, como temperatura. Em outras palavras, deveriam emitir radiação. Hawking, disposto a mostrar que buracos negros não tinham entropia (e, portanto, temperatura), chegou, em 1974, a uma conclusão surpreendente: buracos negros têm temperatura, ou seja, irradiam energia, como se fossem uma panela quente. Essa emissão de energia é hoje conhecida como radiação Hawking.
Matéria e AntimatériaHawking chegou à conclusão de que buracos negros irradiam energia quando adicionou, à teoria da relatividade geral, elementos da mecânica quântica (teoria que lida com os fenômenos da dimensão atômica e subatômica). Esse processo é basicamente assim: na borda do horizonte de eventos, dentro e fora dessa fronteira imaginária, pululam pares de partículas e antipartículas virtuais (elétrons e pósitrons, por exemplo) que formam o chamado vácuo quântico. Por vezes, alguns desses pares se materializam – ou seja, passam de virtuais a reais –, de tal forma que uma das partículas do par surge dentro do horizonte de eventos – e é sugada pelo buraco negro –, enquanto a outra escapa, dando origem à radiação Hawking.