O som é uma onda (mecânica) e, portanto, precisa de um meio (gasoso, líquido ou sólido) para se propagar. Raciocínio semelhante levou à hipótese de que era necessário um meio – que preencheria todo o espaço – para servir de suporte para a propagação da luz e das outras ondas eletromagnéticas. No final do século 19, o chamado éter, no entanto, passou a assombrar os físicos, que não conseguiam determinar suas propriedades mecânicas e nem mesmo o movimento da Terra em relação a ele.
Dois postuladosRecebido para publicação em 30 de junho, o artigo ‘Sobre a eletrodinâmica dos corpos em movimento’ declararia a morte do éter com base em dois postulados: i) as leis da física são as mesmas para observadores inerciais, ou seja, que se movem sem aceleração (princípio da relatividade); ii) a velocidade da luz no vácuo (cerca de 300 mil km/s) é sempre a mesma, independentemente de a fonte emissora estar parada ou em movimento, ou seja, a velocidade da luz é uma constante da natureza.
Revisão radicalA adoção desses dois postulados levou a uma revisão radical das noções sobre o espaço e o tempo. Em termos simples e com base em fenômenos do cotidiano, pode-se dizer que: i) o relógio de um passageiro dentro de um vagão em movimento andará mais devagar quando comparado àquele da estação – esta é a chamada dilatação temporal; ii) o comprimento de um vagão em movi-mento parecerá mais curto quando medido por alguém parado na plataforma – esta é a chamada contração espacial; iii) o que parece simultâneo para um passageiro no vagão em movimento pode parecer não ter ocorrido ao mesmo tempo para uma pessoa na plataforma – este é o problema da simultaneidade. No entanto, esses fenômenos só são significativos – e podem ser medidos – quando nosso vagão imaginário se aproxima da velocidade da luz no vácuo. Nas velocidades a que estamos acostumados no dia-a-dia, esses efeitos são imperceptíveis.