GRAVITAÇÃO E COSMOLOGIA
A Teoria da Relatividade Geral (TRG)
é considerada por muitos o maior triunfo da racionalidade científica.
Na elegância de seus conceitos e equações estão
contidas descrições precisas de fenômenos simples,
como a queda de uma maçã, ou complexos, como a descrição
da dinâmica de pulsares binários e do próprio Universo,
satisfazendo todas as observações e experimentos até
hoje propostos para testá-la. Entretanto, muitas de suas consequências
ainda não foram observadas com rigor (como, por exemplo, ondas gravitacionais),
além de existirem algumas situações críticas
onde a TRG parece não ser aplicável, necessitando de modificações
ou generalizações. Tais situações são:
a Estágio final de determinadas evoluções estelares
b Cosmologia primordial.
Entretanto, existem, ainda assim, falhas fundamentais no modelo cosmológico padrão que requerem estudos das teorias fundamentais nos primeiros instantes da história do Universo. São elas basicamente:
A compatibilização entre a alta taxa de isotropia inferida da detecção da radiação térmica de 2,7K (observada desde 1964) e a causalidade em um Universo de tipo Friedmann, com seção espacial homogênea (o qual seria o modelo de geometria correntemente aceito para descrever o Universo) constitui-se em uma tarefa difícil. Nos anos 70, a Escola Russa (representada por Lifshitz, Khalatnikov, Belinski, e outros) deu início a um programa de ataque direto a esta questão. Embora tenham realizado várias e importantes contribuições, não foram estas suficientes para resolver completamente a questão. Na década de 80, a proposta de um modelo de Universo inflacionário surgiu como um substituto ao programa russo. Não obstante uma quantidade notável de publicações e malgrado o otimismo inicial, esta proposta continua incompleta nos seus fundamentos básicos. As características de uma possível fase anisotrópica inicial do Universo vêm sendo examinadas e mecanismos de isotropização continuam a ser investigados. Uma das questões mais complexas que a comunidade dos físicos e astrônomos tem enfrentado é a da compatibilidade entre um modelo ideal do tipo Friedmann (possuindo uma seção espacial homogênea) com as observações astronômicas que apontam a existência de diferentes escalas de heterogeneidades no Universo. Alguns modelos para a formação das estruturas nele observadas - galáxias, aglomerados de galáxias - requerem a ocorrência de pequenas perturbações em uma fase dita primordial do Universo, onde a estrutura geométrica deste é controlada quer por radiação em equilíbrio térmico, quer por matéria dita exótica. Isto ocorre, por exemplo, no chamado modelo inflacionário. Em um tal modelo, pequenas perturbações iniciais são amplificadas graças à instabilidade gravitacional, gerando assim estruturas hoje observadas. Estas alterações iniciais seriam determinadas - de acordo com diferentes modelos - pela física de interações de curto alcance a altas energias. Deste modo, estabelece-se um forte compromisso entre a Teoria Quântica de Campos e a Física de Altas Energias de um lado e a Teoria da Gravitação por outro. Nas duas últimas décadas houve um grande avanço na obtenção de dados astronômicos extra-galáticos, obtidos com uma boa precisão. A análise da produção destas estruturas, a partir dos dados iniciais fornecidos pelas perturbações ganhou, portanto, um enorme impulso. Como consequência, fenômenos de altas energias - bem como as teorias que os descrevem - passaram a ser investigados com maior rigor e consequência científica, saindo de um terreno puramente especulativo para o confronto com observações cada vez mais precisas. Para tratar estes problemas, torna-se necessário formular um modelo aplicável ao Universo em seus primeiros instantes.