Esta é uma interpretação alternativa à interpretação de Copenhagen da Mecânica Quântica, que pode se adequar perfeitamente à Cosmologia Quântica. Nela não há necessidade de uma divisão do mundo em um domínio quântico e um domínio clássico por se tratar de uma teoria ontológica da matéria: os fatos concretos existem ab initio. Os efeitos quânticos são gerados por um novo potencial não local, chamado de potencial quântico, que decorre naturalmente da equação de Schrödinger (ou da equação de Wheeler-DeWitt, no caso da Cosmologia Quântica).
Com relação aos modelos de mini-superespaço, em trabalhos de Nelson Pinto Neto, José Acácio de Barros, Júlio César Fabris, Roberto Colistete Jr., Alexandre da Fonseca Velasco e Marco Antonio Sagioro-Leal (Acacio(1998a), Colistete(1998,2000a)), verificou-se a existência de modelos quânticos sem singularidade e sem horizontes que se contraem até um mínimo e depois se expandem novamente da maneira clássica padrão. O potencial quântico evita a singularidade e cria uma fase inflacionária. Estes modelos têm como fonte de curvatura fluidos de radiação ou um campo escalar livre. Está-se estudando a evolução de perturbações cosmológicas de origem quântica nestes cenários e suas consequências sobre a radiação de fundo cósmica e formação de estruturas. Num primeiro momento estudaremos a evolução destas perturbações em espaços-tempos clássicos com estruturas equivalentes ( ou seja, com uma fase contrativa anterior à atual, expansiva). A seguir, passaremos ao estudo do modelo quântico propriamente dito. A idéia é verificar se é possível diferenciar efeitos quânticos de efeitos clássicos em cosmologia através do estudo detalhado destas perturbações nos diferentes modelos.
Também foi verificado que o
potencial quântico pode gerar fases isotrópicas em modelos
cosmológicos anisotrópicos e ser um mecanismo
alternativo à inflação para a isotropização
do Universo (Colistete (2000b)). Pretendemos verificar a generalidade
destes resultados. Verificou-se ainda que a Cosmologia Quântica dos
modelos homogêneos (mini-superespaço), segundo
esta interpretação, não apresenta problemas de ambigüidade
na escolha da variável que fará o papel do tempo: qualquer
escolha fornece o mesmo resultado físico (Acacio(1998b)). No
entanto, em trabalho de Nelson Pinto Neto com Eduardo Sérgio Santini
(Pinto-Neto(1999)), foi demonstrado que este resultado não é
mais válido para os modelos não-homogêneos gerais (no
superespaço
completo), ou seja, a existência do potencial quântico
quebra uma das simetrias básicas da TRG clássica, a unidade
do espaço-tempo, gerando direções privilegiadas. O
grupo de simetria destes espaços-tempos quânticos gerais não
é mais o grupo de transformações gerais de coordenadas,
mas um grupo mais restrito. Pretendemos investigar com mais detalhe estas
estruturas quânticas para o espaço-tempo, algumas ligadas
ao limite de gravitação forte e ao grupo de Carroll.