2.e Efeitos Geométricos Associados à Eletrodinâmica Não Linear

Em uma comunicação recente (M.Novello, V.A.De Lorenci, J.M.Salim e R.Klippert, Physical Review D 61, 045001, 2000), mostramos que processos não lineares no Eletromagnetismo possuem uma propriedade notável, a saber: as descontinuidades de campo em uma teoria não linear se propagam como se a geometria do espaço-tempo se modificasse, não sendo mais de tipo Minkowski, mas de um outro tipo (que chamaremos de geometria efetiva), dependente do campo eletromagnético do background. Deve-se enfatizar aqui que esta nova geometria não tem relação com nenhum processo gravitacional: trata-se de um puro processo eletromagnético. A semelhança da descrição dos fótons nestes processos não lineares com a Gravitação sugere a existência de sistemas puramente eletromagnéticos semelhantes a sistemas gravitacionais. Alguns resultados notáveis já foram obtidos. Dentre eles, podemos citar a possibilidade de uma geometria efetiva que apresenta um comportamento confinante para o fóton. Um tal sistema poderia ser chamado de buraco negro eletromagnético. Foi possível também gerar uma geometria efetiva que possui as características de um wormhole gravitacional para fótons (F.Baldovin, M.Novello, S.E.P.Bergliaffa e J.Salim, 2000). Nesta direção, estuda-se a possibilidade de obter análogos de outros sistemas gravitacionais.

O fato de que as teorias eletromagnéticas não lineares no vácuo podem ser interpretadas como teorias não lineares em presença de um meio sugere que os sistemas mencionados acima poderiam ser obtidos em laboratório, usando meios materiais. Em particular, a possibilidade de gerar no laboratório um buraco negro está sendo analisada.

Devemos ressaltar que a idéia da geometria efetiva é ainda válida no caso de um background curvo gerado por um campo eletromagnético não linear. Constata-se novamente que os fótons não seguem geodésicas de métricas de fundo, mas sim de uma métrica efetiva. Usando a geometria efetiva associada a um assim chamado buraco negro não singular, mostramos que o buraco negro tem singularidades somente percebidas pelos fótons (M.Novello, S.E.P.Bergliaffa e J.M.Salim, 2000).