1.a Relatividade Geral como uma Teoria de Campo e Teorias Alternativas da Gravitação
Esta linha de pesquisa engloba um programa de exame da teoria da gravitação como uma teoria de campo. A idéia principal pode ser descrita da seguinte maneira: no começo da década de 60, Gupta, Feynmann e outros mostraram como é possível descrever a totalidade das propriedades da Teoria da Relatividade Geral de Einstein sem fazer apelo direto à sua representação geométrica, mas sim utilizando a linguagem convencional da Teoria do Campo. Vários cientistas, a partir de então, passaram a examinar esta formulação de campo da Gravitação e desenvolveram uma sistemática de exame das suas propriedades clássica e quântica. Como exemplo, podemos citar o trabalho de Deser de 1970 e, recentemente, a revisão deste trabalho feita por Grischuck, Petrov e Popova em 1984.
A importância desta formulação de campo da Teoria da Relatividade Geral teve, entre outros, o grande mérito de exibir algumas hipóteses que se encontravam subjacentes à formulação geométrica de Einstein da Teoria da Relatividade Geral. Dentre estas hipóteses, é particularmente importante a questão do Princípio da Equivalência. De uma maneira simplista, podemos sintetizar este princípio como sendo a formulação de que toda forma de matéria e radiação (por exemplo os fótons) interagem de um mesmo modo universal com a gravitação. A precisão desta universalidade, no que diz respeito à interação entre a matéria e a gravitação, é de uma parte em 1011 (se adotarmos uma postura conservadora em relação a esta questão). Entretanto, não existe uma experiência direta que envolva a interação entre a energia gravitacional e a Gravitação. Na Teoria da Relatividade Geral, uma hipótese é feita: a de que a interação da Gravitação com ela própria segue o mesmo padrão de comportamento que a interação entre a matéria e a Gravitação. O grande mérito da formulação de Feynmann e Deser da Teoria da Relatividade Geral foi precisamente o de explicitar esta hipótese, que estende o Princípio da Equivalência além do limite observável. A partir da compreensão do exato momento, na teoria de Einstein, em que esta hipótese complementar foi introduzida, torna-se possível examinar uma proposta alternativa competitiva com a Teoria da Relatividade Geral. Esta proposta é a base para a elaboração de um novo cenário para as forças gravitacionais. Neste estudo exibiremos as diferenças entre esta teoria e a Relatividade Geral. Em uma análise preliminar constatamos que uma importante distinção entre estas duas teorias consiste nas diferentes previsões que fazem sobre a velocidade de propagação das ondas gravitacionais. Considerando que há fortes indícios, na comunidade científica internacional, de que em breve poderemos observar ondas gravitacionais, parece-nos ser este o bom momento de - seguindo a tradição científica - fazermos as previsões teóricas possíveis com relação ao modo e às características de propagação da radiação gravitacional.
Assim sendo, o nosso plano de trabalho abrange as seguintes etapas:
É importante salientar que a
detecção das ondas gravitacionais tornou-se, ao longo do
final do final do século XX, um dos mais atraentes e fascinantes
desafios para os físicos. Segundo a teoria da Relatividade Geral,
as descontinuidades de campo gravitacional devem se propagar com a mesma
velocidade das ondas eletromagnéticas. Esta propriedade seria muito
bem-vinda, posto que a sua confirmação traria um apoio substancial
à estrutura causal do mundo produzida pela teoria eletromagnética.
Ademais, a unidade geométrica do mundo estaria, desta forma, consolidada.
Entretanto, a teoria NDL
(que é capaz de explicar todos os processos gravitacionais observados-
competindo, desta forma, com a Relatividade Geral) se distingue da Relatividade
Geral precisamente no tocante à sua previsão relativa à
velocidade das ondas gravitacionais. As consequências teóricas
destas diferenças serão estudadas.